Terminei agora a noite a leitura e fiquei feliz por não ter lido quando era mais jovem! Já tentei iniciar a leitura umas duas vezes há alguns anos e o começo sempre me perdia, porque como sola, também achava maçante e descritivo demais. Agora, com o incentivo do clube e mais maduro, sinto que realmente pude entender o impacto da obra. Faz jus ao peso de um clássico de ficção científica. O mundo o livro é bem construído, polido e vivo. Me perdi um pouco nas referências “Fordianas”, mas captei a ideia geral do maquinário social. Eles literalmente criavam vida e viviam (mesmo no tempo livre) numa fábrica!
A primeira parte é a mais cansativa pra mim porque não tenho muita simpatia pelo Bernard. Achei ele bem digno de pena… a importância dele como um pária é um bom artifício pra introdução do Selvagem, mas não ficou muito claro pra mim o que ele buscava quando insistiu tanto pra Lenina ir com ele às Reservas. Ele tinha plena noção de como o condicionamento funcionava, não é como se tivesse esperança de uma mudança de atitude dela, né? Além disso, ele me pareceu um alpinista social e rebelde sem causa. A partir do momento que ficou popular, todo o sentimento de solidão dentro dele se transformou. Ele tomou atitudes (como a prática sexual dentro do esperado pelos indivíduos “civilizados“) que não tinham sentido pra ele, mas aí passaram a ter. Achei confuso, mas talvez esse tenha sido o propósito dele: ter a sensação que algo está errado ao seu redor, mas não saber muito bem o que… até que você descobre um segredo oculto que muda tudo, mas na verdade a única coisa que você queria mudar era como os outros viam você, e não tinha nada errado na sociedade em si.
Eu adorei a conversa do John com Mustafá na última parte do livro. A leitura foi bem fluida pra mim durante o livro todo mas aqueles trechos me fizeram refletir bastante. Ainda não sei se consigo colocar em palavras como me senti com tudo que foi imposto para aquela sociedade.
O destino do Bernard e do (c) foram satisfatórios suficiente pra mim, fiquei com vontade de ler mais sobre as ilhas e como eles se adaptaram o “pensamento livre” a um planeta controlado e soberano de ideias. O destino do John era algo inevitável na minha visão: a liberdade com solidão acabaria levando ele àquele fim, cedo ou tarde… a escolha pela privação (social, amorosa e econômica) foi bem nobre da parte dele, ao mesmo tempo que parece ter sido condicionada (!!) pela sua criação livre e em outra configuração social.
Foi uma excelente escolha, e é uma pena não poder estar com vocês na reunião pra trocar ideia sobre o livro. 🙁
Boa conversa pra vocês, pessoal!