Um tema de outro livro, mas que lembro que algumas pessoas leram ( @antonio @verdemusgo @amorim ).
ALERTA DE SPOILER (conceitual)
Em Floresta Sombria, o livro dois da série dos Três Corpos, há aquela ideia de que no espaço lá fora, caso houvesse alguma civilização mais avançada, ela iria aniquilar qualquer outra que detectasse, em um tipo de darwinismo social cósmico, "quanto menos competidores por recursos, melhor". A ideia não é do autor. Ela aparece desde os anos 80 em discussões sobre o Paradoxo de Fermi ("já que é tão alta a probabilidade de vida inteligente pelo universo, cadê todo mundo?")
Para quem leu, o que vocês acham dessa teoria?
Eu quase parei de ler a série aí, de tão absurda que achei essa ideia. Me pareceu uma projeção tosca de um capitalismo egoísta mal resolvido e pensado, para todo o restante do universo — qualquer outro ser cosmo afora teria que pensar e agir como terráqueos condicionados competitivamente! Ou seja, a competição destrutiva entre seres seria uma realidade cósmica, e não um fenômeno cultural.
Na época (há uns três anos), relevei e continuei lendo. Até gosto da série, mas acho que essa ideia, que é central na trama, estraga tudo. Sei que a história ficaria fraca sem um antagonismo forte como esse, mas chutou o pau da barraca filosoficamente. Acaba sendo um tipo de propaganda da ideologia "a sobrevivência do mais forte".
Outro dia li esse artigo (em inglês): https://www.universetoday.com/169993/advanced-civilizations-could-be-indistinguishable-from-nature/
Pra mim, essa é uma teoria muito melhor para explicar o paradoxo de Fermi. Não vemos aliens voando por aí porque o nível de industrialização e extração de recursos naturais necessários para construir tais máquinas em tal escala seria insustentável e autodestrutivo ecologicamente. Além disso, uma civilização realmente avançada estaria tão integrada aos processos naturais, que seria indistinguível da própria natureza.